sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Que os cristãos não tenham acordado tarde demais....


.................................



Terão os evangélicos e cristãos de maneira geral acordado a tempo? Não sei! Vamos ver! O PT tem sempre muitas moedas, e, infelizmente, há quem venda a convicção por trinta dinheiros. Essa é uma história antiga, não? Hoje em dia, existem supostos evangélicos que têm a coragem de recorrer à Bíblia para justificar o aborto — o que corresponde a pisotear a Palavra e a jogar no lixo a história do cristianismo — e supostos católicos que flertam abertamente com abortistas e aborteiras em nome “do povo”. As igrejas, infelizmente, estão infiltradas, num caso, pelo oportunismo e, noutro, pelo marxismo vagabundo. Uma depuração se faz necessária.

O governo retirou do Plano Nacional de Direitos Humanos a legalização do aborto, e Dilma fingiu ter mudado de idéia. Enviou uma Carta Aberta aos Evangélicos e foi ao santuário de Aparecida, escoltada por Gabriel Chalita (aquele que tem o mau gosto adicional de plagiar os próprios textos e descobriu em Maquiavel um entusiasta da utopia…), para demonstrar o seu súbito fervor cristão. Num rasgo de religiosidade criativa, chamou Nossa Senhora de “nossa deusa”, fundindo, quem sabe?, o catolicismo ao paganismo… Tentou parecer uma cristã exemplar. Aos 14 meses de mandato, nomeia para a pasta das Mulheres uma senhora que confessa o que confessou e que se diz “avó de uma criança e do aborto”. Na gestão de Fernando Haddad, na Educação, preparou-se o tal kit gay para as escolas com um punhado de absurdos. As crianças só não ficaram expostas a um filme que trata a bissexualidade como uma vantagem na comparação com a heterossexualidade e que defende que “transgêneros” usem o banheiro feminino das escolas porque a sociedade chiou.

A guerra ideológica anunciada por Carvalho, se vocês notarem bem, já está em curso. Há uma boa possibilidade de os cristãos terem acordado um pouco tarde. Os sinais de invasão do Estado na esfera dos valores que dizem respeito à família e a domínios que estão e devem estar fora do guarda-chuva do governo se vêem em todo canto. Assim como o PT vive da depredação da ordem legal nos estados governados pela oposição, promove um combate surdo, mas muito evidente, contra as forças que estão fora de seu domínio. O partido nunca teve aliados, mas subordinados. Aqueles que aceitarem a submissão podem, sim, se dar bem — e até obter vantagens estupendas. Mas têm de renunciar à própria vontade e à própria identidade. É um caso clássico, para recorrer a uma metáfora óbvia, de pacto com o demônio.

Mas por que as igrejas? Porque as religiões tendem a oferecer uma visão mais ampla da vida do que a própria política. Se essa organiza a experiência do cidadão, as suas relações com o poder do Estado e com a sociedade, aquelas acrescentam a essas dimensões as escolhas que são de ordem moral, que falam à consciência profunda dos indivíduos, a elementos nem sempre subordináveis às trocas pragmáticas do dia-a-dia. Cristo não disse “a César o que é de César” porque considerasse que o poder terreno não poderia ser contestado. O sentido profundo da consideração é outro: HÁ O QUE NÃO É DE CÉSAR, E ISSO CÉSAR NÃO TERÁ. O soberano compreendeu e, por isso, não gostou.


É claro que, nas democracias convencionais, religiões convivem bem com o poder, e as mais variadas denominações fazem esta ou aquela escolhas. E assim deveria ser aqui também. Eu não gosto do excesso de proximidade entre igrejas e esferas do estado — evangélicas, católicas ou quaisquer outras. Aliás, quanto mais distantes, melhor! Que César fique lá com seus brinquedinhos. Certas abordagens feitas por correntes evangélicas e católicas são, do ponto de vista teológico, uma monumental bobagem. Mas bobagem maior fará sempre o Estado quando se meter a tomar o lugar das religiões. E esse propósito está mais do que anunciado. Já está em curso.



Por Reinaldo Azevedo


............

Nenhum comentário:

Postar um comentário