sábado, 7 de abril de 2012

Cristãos não têm direito de usar crucifixo no trabalho, diz governo da Inglaterra



Os cristãos não têm o direito de usar uma cruz ou um crucifixo abertamente no trabalho: essa é a proposta que o governo da Inglaterra irá discutir em um processo judicial histórico.
A reportagem é de David Barrett, publicada no sítio do jornal The Telegraph, 10-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em uma medida muito significativa, os ministros britânicos vão disputar um caso no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em que duas britânicas irão tentar defender o seu direito de exibir a cruz.

É a primeira vez que o governo é forçado a afirmar se apoia ou não o direito dos cristãos de usar o símbolo no trabalho.
Um documento visto pelo The Sunday Telegraph revela que os ministros irão argumentar que, por não ser um "requisito" da fé cristã, os empregadores podem proibir o uso da cruz e demitir os empregados que insistirem em fazê-lo.

A posição do governo recebeu uma resposta irritada na última sexta-feira, 9 de março, de figuras proeminentes, incluindo Lord Carey, ex-arcebispo de Canterbury.

Ele acusou os ministros e os tribunais de "ditar" normas aos cristãos e disse que esse era outro exemplo de que o cristianismo está sendo marginalizado da vida oficial.
A recusa do governo de dizer que os cristãos têm o direito de exibir o símbolo de sua fé no trabalho surgiu depois de que os seus planos para
legalizar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo foram atacados pelos líderes da Igreja Católica Romana da Inglaterra.

Uma pesquisa encomendada pelo The Sunday Telegraph mostra que o país está dividido sobre a questão.

Em termos gerais, 45% dos eleitores apoiam movimentos para permitir o casamento gay, e 36% são contra, enquanto 19% dizem que não sabem.

No entanto, o primeiro-ministro está fora de sintonia com seu próprio partido. Exatamente metade dos eleitores conservadores se opõem ao casamento gay em princípio, e apenas 35% o apoiam.

Não há nenhuma vontade pública para mudar a lei com urgência, já que mais de três quartos das pessoas entrevistadas dizem que é errado apressar o projeto antes de 2015 e apenas 14% dizem que isso é certo.

Liberdade religiosa

O caso de Estrasburgo depende do fato de as leis dos direitos humanos protegerem o direito de usar uma cruz ou um crucifixo no trabalho nos termos do artigo 9 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Ele afirma: "Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença, e a liberdade, seja sozinho ou em comunidade com outros e em público ou privado, para manifestar sua religião ou crença no culto, no ensino, na prática e na observância".

As mulheres cristãs que apresentaram o caso, Nadia Eweida e Shirley Chaplin, alegam que foram discriminadas quando seus empregadores as proibiram de usar os símbolos.

Elas querem que o Tribunal Europeu decrete que esse ato violou o seu direito humano de manifestar sua religião.

A resposta oficial do governo afirma que usar a cruz não é uma "exigência da fé" e, portanto, não está sob a alçada do artigo 9.

Os advogados das duas mulheres afirmam que o governo está exigindo muito e que "manifestar" a religião inclui fazer coisas que não são uma "exigência da fé", e que essas coisas são, portanto, protegidas pelos direitos humanos.

Eles dizem que os cristãos recebem menos proteção do que os membros de outras religiões que obtiveram um status especial para vestes ou símbolos como o turbante sikh e o bracelete kara, ou o hijab muçulmano.

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