domingo, 18 de novembro de 2012

O Brasil é um país perigoso. Foram assassinadas, em 2011, perto de 50.000 pessoas. Se a taxa nacional fosse igual à de São Paulo, 30.000 pessoas teriam escapado da morte




Poderia eu ser acusado de estar usando números do ano passado para esconder que, neste ano, São Paulo superou a média brasileira e também a do Rio em crimes de morte? Não. No pior dia da atual onda de violência, houve 22 assassinatos em São Paulo. Um absurdo, sim, para o estado, mas não para o Brasil. Só para pensar, anualizo esse número, multiplicando-o por 365 (o que é um exercício de reductio ad absurdum, pois é impossível que qualquer cidade do mundo, muito menos São Paulo, possa ter todos os dias do ano iguais ao seu pior dia). Mas vamos seguir adiante.

Por esse cálculo, seriam, então, no fim do ano, computados 8 030 crimes de morte. Considerando a mesma população levada em conta pelo Anuário, São Paulo atingiria a assustadora taxa de 19,2 mortos por 100.000 habitantes. Repito, se São Paulo atingisse todos os dias do ano a sua pior marca diária, a sua taxa de homicídios ainda seria cerca de 26% menor do que as efetivamente atingidas pelo Rio de Janeiro ou 42% menor do que as taxas da Bahia, por exemplo. Ao fim deste texto, há os respectivos endereços eletrônicos do Anuário e do Mapa da Violência. Eu os convido a consultá-los.

O Brasil é um país perigoso. Foram assassinadas, em 2011, perto de 50.000 pessoas — não há o número exato porque há estados que omitem dados. São Paulo oferece menos risco do que o Brasil. Se a taxa nacional fosse igual à do estado, cerca de 30.000 pessoas mortas de forma violenta estariam vivas hoje. Número é argumento.

O estado de São Paulo tende a fechar o ano com 10,77 mortos por 100.000 habitantes. Na cidade de São Paulo, o índice deve chegar a 11,3 por 100.000. Isso significa que, no ano em que São Paulo foi mostrado na televisão como um teatro de guerra urbana, o estado ainda figurará nas estatísticas confiáveis como o mais seguro do Brasil.

É preciso olhar também a história. Segundo o Mapa da Violência (leia o documento na íntegra clicando no link abaixo), houve 42,2 mortos por 100.000 habitantes no estado em 2000. Em 2010, 13,9 — menos 67%. Foi a maior queda de criminalidade registrada no Brasil. A taxa recuou em apenas sete unidades da federação. Subiu nas outras vinte. Muitas vezes brutalmente (303,2% na Bahia; 269,3% no Maranhão; 252,9% no Pará).

A vida humana é assunto sério e não pode ficar entregue a chicanas político-partidárias e ao terrorismo. Usar a criminalidade urbana como parte de um projeto político para tomar o Palácio de Inverno — no caso, o dos Bandeirantes — não é decente e merece o repúdio dos paulistas e de todos os brasileiros de bem.

Clique
aqui para acessar o Anuário Brasileiro de Segurança Pública;
Clique
aqui para acessar o Mapa da Violência

Por Reinaldo Azevedo

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