domingo, 30 de dezembro de 2012

Gramsci para principiantes



Vivemos num estado de hemiplegia moral nunca visto antes neste país - a maior de todos os tempos, com a aniquilação dos princípios republicanos fundamentais, como a divisão horizontal dos poderes, com um Parlamento que abdicou de sua faculdade fundamental de representação outorgada pela soberania popular - em favor do Executivo, animado pelo espetáculo da corrupção sistêmica.

O texto anexado é mais amplo, mas diria que a hegemonia  na linha de pensamento de Antonio Gramsci  ideólogo marxista italiano  preconiza que a única maneira de fazer uma revolução nos países capitalistas é pela substituição da hegemonia burguesa (capitalista) por uma nova de base proletária para sustentar a nova ordem socialista e por essa nova classe a passaria a dominar.
A ideologia nesse desiderato insensato tem um papel fundamental na construção da hegemonia, ou seja, na produção de uma (in) consciência que assegure a adesão e o consentimento das grandes massas. E estará tudo dominado quando a hegemonia se efetivar produzindo uma consciência (de classe) que assegure a adesão e o consentimento das grandes massas (inconscientemente).

Porém  o exercício do poder hegemônico  revela suas inevitáveis e perversas contradições que emergem num regime político estruturado sobre a supremacia do Poder Executivo  em que um dos efeitos extremos da lógica hegemônica  é converter  mesmo numa Federação  os Estados-membros em meras sucursais (ainda não do inferno de Dante) das decisões do poder central presidencial  aniquilando o Federalismo.

Afigura-se então a dantesca da desordem institucional  quando não se respeita a independência da Justiça, em que o governo exercita um populismo personalista e hegemônico que não só atenta contra o sistema político, mas também o degrada mediante a cooptação despudorada de parlamentares oposicionistas, que como vestais no bordel da política cedem às sedutoras e irresistíveis manobras fisiológicas mediante a concessão de cargos, favores e prebendas e outros mimos extensivos até para membros honoráveis do Poder Judiciário, num fabuloso festim animado com o dinheiro público.
Numa brevíssima síntese e sem nenhuma intenção subliminar com relação aos ateístas de nosso glorioso tempo diria que Antonio (Gramsci)  inconformado com a influência da Igreja Católica sobre a sociedade de seu tempo (italiana) se dispôs a fazer da utopia marxista algo parecido e, que para ele, deveria inculcar a doutrina marxista na alma dos homens. Assim, o tema da educação se converteu em leitmotiv de sua doutrina que influenciou de maneira decisiva o escritor-educador comunista Paulo Freire (referência da (des) educação pelos militantes); aplicada aos jovens que ainda não desenvolveram o senso crítico, que são facilmente manipuláveis pelos ideólogos, são preparados-formados insidiosamente para o comunismo, e isso, de maneira silenciosa e permanentemente, substituindo na mente dos jovens todos os valores que lhe foram ensinados por seus pais e apreendido na convivência social, desmontando peça por peça, através da mentira, das meias verdades, dos sofismas, da propaganda do partido-classe, transformado em Estado-partido, e até de uma nova história pátria (o País não tem heróis- diz o sr. Da Silva, ex-presidente) com novos eventos em que os heróis são substituídos por figuras que pouco a pouco vão substituindo os santos e verdadeiros mártires cristãos pelos pseudos mártires revolucionários (o sanguinário Ernesto Che Guevara, Marulanda das FARC, Lênin, Stálin, Mao, Fidel Castro e caterva).

Mas, o paradoxo da hegemonia  é que os governos querem ser hegemônicos, porém não podem sê-lo; a instituição de um círculo vicioso de apostas e fracassos, em lugar de acumular experiência institucional, dilapida os valores morais, enveredando para a retórica discursiva ou na interdição do diálogo social ou nas suas (in) consequentes negociações.

Aí ressurge a violência política do século passado, instrumentalizada por ações diretas, bloqueios, promovidos por movimentos autodenominados sociais, de sindicalistas, de políticos com controle de áreas políticas (municípios e Estados) e grupos de ativistas que buscam entrar em choque inspirados numa estratégia habitual e de ocasião tanto circunscrita como eficaz; um mero conflito por questões salariais em consequência da prepotência, falta de diálogo e descompromisso para com os acordos firmados pode levar desde à fúria verbal até ao vazio de autoridade e à anarquia pela leniência/conivência do próprio poder público.

A estes choques de más intenções e (in) consequências inesperadas agrega-se o contexto frágil das instituições do Estado. Com a dissolução das estruturas estatais – submetidas à vontade hegemônica do governante de turno, provoca nos Estados-membros implosões de diversas intensidades. As posições se chocam e as autoridades se desmoronam subitamente, como se essas autoridades não tivessem o dever/poder de conter as pressões externas que afrontam o Estado de Direito, a Constituição e as Leis do País.

Mas aí entra o paradoxo da hegemonia ou implosão da hegemonia com o gérmen de sua própria destruição preconizado pelo próprio profeta da barbárie Karl Marx em que tudo o que é sólido se desmancha no ar; com ou sem alternância, nas implosões do exercício da soberania do povo se projeta sobre dois planos paralelos e que podem se desencontrar  em que num prevalece as eleições e o regime representativo; noutro  as rebeliões sociais e o protesto direto. Estes planos são interdependentes. As implosões decorrentes dos protestos podem ser tão eficazes para derrubar governantes como as eleições para sua saída pacificamente. Mas por outro lado tem se a violência difusa ou explícita manipulada pelo Governo ou a partir de algumas facções da oposição impregnada por maléficas táticas eleitorais.

Por último, os golpes institucionais  como fantasmas se situam justamente nessa encruzilhada; depois da implosão se desenvolve um segundo ato que a história registra muito bem  troca do presidente de plantão, uma vez não contida a desordem e o caos institucional que no caso está sendo produzido paradoxalmente pelo próprio governo, na expectativa de se beneficiar de sua própria torpeza.


RIVADAVIA ROSA

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