segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PT, rei da autopromoção no exterior?



Prestígio de Lula no exterior contrasta com a miséria da política, com a corrupção generalizada, a desindustrialização e a maquiagem da pobreza no Brasil



Nesta quinta-feira, 14, o ex-presidente Lula recebeu na Espanha o Prêmio Internacional Catalunha, por causa, segundo a justificativa oficial, “da política de crescimento econômico de seu governo que colocou o Brasil à frente da globalização, alargando a classe média e favorecendo uma divisão mais justa da riqueza e das oportunidades”.


Foi o enésimo prêmio recebido por Lula no exterior. Foi a enésima honraria justificada basicamente pelos mesmos supostos prodígios do ex-presidente quando dos oito anos que ocupou o cargo, em uma lista que vai do prêmio de “Homem do ano” do jornal francês Le Monde ao de “campeão” do combate à fome dado pela ONU, passando por muitas ordens do mérito militar e muitos títulos de doutor honoris causa, isso sem contar que o ex-presidente é uma espécie de candidato permanente ao Prêmio Nobel da Paz.





Tamanho prestígio de Lula no exterior, entretanto, talvez seja fruto mais do eficiente marketing do PT e menos das “conquistas” do Brasil após dez anos de gerenciamento petista — sim, porque o Brasil visto sem o filtro da propaganda oficial é muito diferente do “país de todos”, como decreta o slogan publicitário do governo federal.




Como um tablet num barraco de zinco




E que país é este? É um país afundado na miséria da política, na corrupção generalizada e no consequente apodrecimento da democracia representativa, cujo sintoma maior são os sucessivos recordes de abstenções nos últimos processos eleitorais; é um país em franca desindustrialização, com a balança comercial cada vez mais dependente das commodities do agronegócio, fazendo de nós uma espécie de semicolônia moderna; é o país da imensa fragilidade da independência entre os poderes, fragilidade esta escancarada pelo mensalão do PT, desde a compra de votos em si até o acordão que até agora poupou Lula, o então chefe do executivo corruptor, de qualquer tipo de investigação.


É o país onde o maior indicador de melhoria da qualidade de vida que o governo consegue apresentar é o da explosão das vendas de telefones celulares em 10, 12 ou 24 vezes sem juros, como se em algum lugar do mundo um celular no bolso significasse mais dignidade, segurança no trabalho, nas ruas, direitos, garantias, acesso a saúde e educação de qualidade, transporte público decente, menos impostos ou tudo mais que o país precisa com urgência.

É mais ou menos a mesma lógica — guardadas as devidas proporções — da substituição dos livros escolares por tablets nas escolas que funcionam em barracos de zinco no miserável Quênia…

HUGO SOUZA

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