segunda-feira, 29 de abril de 2013

Somos reféns da má consciência que santifica bandidos, tomando-os ou como vítimas passivas das condições sociais ou como militantes involuntários da igualdade



Você que trabalha, você que estuda, você que estuda e trabalha, nós todos, enfim, somos reféns da má consciência disfarçada ou de generosidade humanista ou de sociologia da reparação, que permitem que facinorosos fiquem por aí, à solta, matando pessoas de bem. Vamos lá.

No texto que publiquei na tarde de ontem sobre a prisão dos assassinos da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, escrevi: “A depender de como caminhem as coisas, bastará, para aliviar parte da punição dos outros, que o menor assuma a responsabilidade. A sua ‘não-pena’ já está definida.” Na mosca! Adivinhem o que aconteceu… Em depoimento à polícia, o tal menor assumiu a responsabilidade. Relatou a delegada do caso: “Ele [o menor] revelou que jogou álcool na dentista, que já estava amarrada, com as mãos para trás, e com o isqueiro ficou fingindo que iria colocar fogo para torturar. Até que, bravo porque o Jonathan [o que tinha pegado o cartão e saído para sacar dinheiro] ligou dizendo que, na conta, só havia R$ 30, disse que ‘isqueirou’ a moça e, de repente, o avental começou a pegar fogo, e ela incendiou. E ele conta isso como se estivesse falando sobre o capítulo de uma novela”.
Era evidente! O menor daria um jeito de livrar um pouco a barra de seus companheiros. Isso já se tornou parte do jogo e do risco. O covarde fará 18 anos em junho. Como praticou crime hediondo, com dois meses a mais de vida, pegaria de 12 a 30 anos de cadeia e só teria direito ao regime de progressão depois de cumpridos dois quintos. Por causa de menos de 60 dias, esse monstro asqueroso será solto daqui a três anos. E estará pronto para “isqueirar” outras pessoas. Mas não há risco de isqueirar Maria do Rosário. Não há risco de isqueirar Gilberto Carvalho. Não há risco de isqueirar José Eduardo Cardozo. Não há risco de isqueirar Dilma Rousseff. Os seguranças não deixam. Nota: três anos é internação máxima. Pode sair antes, sim.


Os que se querem hoje de esquerda pararam aí. Atribuem a violência à pobreza e acham que suas agruras eliminam ou determinam os valores morais. A decadência do marxismo e a inviabilidade do socialismo, de que o PT é a expressão mais eloquente, fizeram com que os neoesquerdistas passassem a confundir a luta por justiça com o crime. Assim, meus caros, não estranhem quando mensaleiros tomam o crime como luta por justiça…

A estupidez militante está transformando o consumidor de drogas apenas num “doente”, num “dependente”, numa “vítima”, ignorando uma obviedade estupefaciente: para financiar o consumo, com alguma frequência, também se trafica. O deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que fez um projeto endurecendo a pena para traficantes e criando um cadastro — não é de consumidores, é mentira! — de pessoas que se submetem a tratamento para que sua efetividade possa ser testada e acompanhada está sendo demonizado, transformado em vilão. Toma-se a realidade de classes médias abastadas, onde vigora o doce laxismo da impunidade, muito especialmente com as drogas, como medida da realidade brasileira.

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