quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Denúncia da revista Época mostra irregularidades das ONGs e chega até Pablo Capilé, da Fora do Eixo e da Mídia Ninja

Murilo Ramos, com Flávia Tavares e Marcelo Rocha
(Época)
 


Maria Suely Fernandes, funcionária de do Banco do Brasil, sempre quis trabalhar com projetos sociais. Há três anos, graças à indicação do PT, teve sua chance.Aos 29 anos, conseguiu uma vaga na Fundação Banco do Brasil, braço filantrópico da empresa, dominado pelo PT há dez anos.
Suely era filiada ao PT de Min
as Gerais desde a adolescência e fora indicada ao cargo pelo sindicalista Jacques Pena, ex-presidente da fundação e quadro influente do partido em Brasília – ele foi um dos coordenadores da campanha presidencial de Dilma na capital da República, em 2010.
Para desgosto de Pena e do grupo petista que controla a fundação, Suely ignorou o apadrinhamento do partido. Descobria tudo, fossem pequenas falhas na apresentação de projetos, fossem fraudes complexas em contratos milionários.
 



Ingênua, Suely relatava as falcatruas encontradas – a maioria envolvendo seu padrinho político, Jacques Pena – a seus superiores na fundação e no Banco do Brasil. Era ignorada. Ela insistiu, insistiu, insistiu… até que, em dezembro passado, convencida de que ali ninguém nada faria, juntou seus relatórios e denunciou as fraudes ao Ministério Público do Distrito Federal e à Polícia Civil de Brasília.
ESCUTAS
As escutas confirmaram as informações prestadas por Suely e revelaram mais casos de desvio de dinheiro. Há dez dias, o juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Frederico Ernesto Maciel, autorizou a polícia e o MP a apreender documentos e computadores na sede da fundação, em Brasília.
A polícia e o MP deram início à Operação Overnight e apreen­deram documentos na sede de uma ONG que pertence a Joy Pena, irmão mais novo do sindicalista e ex-presidente da fundação Jacques Pena.
 



É dos quadros do PT o prefeito do município gaúcho de Canoas, Jairo Jorge, cunhado de Pena – a fundação financiou em Canoas projetos de reciclagem de lixo e “inclusão digital”. Numa das escutas realizadas pela polícia, funcionários da fundação cogitavam transferir um equipamento de triturar lixo de obra – adquirido para o município vizinho de São Leopoldo, com recursos da fundação – para Canoas, em razão de a prefeitura de São Leopoldo ter passado para as mãos de PSDB nas últimas eleições.
O favorecimento a prefeituras administradas pelo PT fica evidente na investigação. Numa das escutas, funcionários disseram que o presidente da cooperativa de catadores de lixo de Uberaba, a Cooperu, se apropriara de dois caminhões doados com dinheiro da fundação, para transportar material de uma empresa particular
CAPILÉ NA PARADA

. Os funcionários da fundação ainda apelidaram a cooperativa de Coopergato, numa alusão à quantidade fantasiosa de catadores de lixo. Descobriu-se que a fundação investe em qualquer coo­perativa. Uma delas, espécie de cooperativa do novo milênio, chamada Casa das Redes, recebeu R$ 370 mil. A associação é comandada pelo jornalista Pablo Capilé, guru do Movimento Fora do Eixo e da Mídia Ninja. O dinheiro serviria para criar uma “estação digital” em Brasília. E o que faria essa estação? Difícil saber. O argumento de Capilé para convencer a fundação a lhe entregar dinheiro é irresistível: chaleirar o governo petista.
“Na gestão Lula, o acesso aos recursos e bens de produção, principalmente sustentados pelas novas tecnologias, somados ao empoderamento da sociedade civil, como partícipe da construção de políticas públicas para o setor foram medidas importantes que contribuíram para a articulação, fortalecimento e ampliação de alternativas econômicas à classe cultural em todo o país”, escreveu Capilé.
Com o dinheiro na mão, Capilé e seus amigos Fora do Eixo alugaram uma casa bacana em Brasília. Mobiliaram e equiparam a casa com tudo o que têm direito: bons móveis, TVs de LCD, computadores MacBook, mas não quaisquer MacBooks: MacBooks Air, aqueles fininhos, mais modernos e charmosos. A fundação banca o aluguel, contas de água, luz e telefone de nove ativistas e um bebê de 9 meses, Benjamin, filho de um deles. (Não se sabe se a fundação paga as fraldas.)

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