sábado, 30 de agosto de 2014

Reconfiguração da realidade pela dialética marxista, em que se supõe que a “fantasia” prevaleça sobre a “realidade”. POR RIVADAVIA ROSA


Isso é o que se chama “socialismo científico”. Para Marx, o real é dialético. A realidade não é inerte, fixa, imutável. É realidade dinâmica, e, permanece em movimento; nos passos de Hegel, Marx mostra a realidade caminhando através de oposições, de contradições sucessivas, de aproximação e afastamento. Assim, o real, note bem, o real, está em disputa, em contraste, em superação indeterminada por meio da afirmação, da negação, e da negação da própria negação, e, tudo isso não no plano ideal, mas no plano real, no concreto, no mundo da realidade material. E esse real está em movimento através de oposições, de afirmações e negações. Por isso Marx concebe o real dialético que é a realidade movimentando-se através de oposições indefinidas; realidade desenvolvendo-se em luta interna, em disputa, em “diálogo” ontológico. Até a luta pela seleção das espécies de Darwin, e a luta de classes, na sociologia, são aspectos do real dialético.

Mais, na ontologia marxista, a dialética é imanente ao ser. É estrutural. Não é um fenômeno periférico, uma situação transitória. A dialética está no cerne do ser, na substância da entidade. É medular, é intrínseca. O ser é dialético por constituição, por natureza. A dialética não é algo acrescentado, adicionado à realidade. O movimento dialético é inseparável da natureza. Não se trata de conferir dialética à natureza, mas realidade à dialética, por definição. Extinguir o movimento dialético seria extinguir a realidade. Não se poderia isolar a realidade de seu movimento dialético. Para Marx, ainda, não há verdadeira dialética sem o real, e não há verdadeiro real sem dialética. O movimento dialético é o estado, a situação da entidade. Não é a realidade que assume, vez por outra, atitudes dialéticas, mas a realidade que exerce estruturalmente processo dialético. A dialética não é uma fase do real, mas um estado permanente do ser. A dialética acompanha a intensidade e a duração do real. Ou o real é dialético ou deixa de ser real. Desconhecer ou negar essa ontologia é sinal de alienação. Calvez compendia a dialética de Marx:

“A dialética é a relação sujeito-objeto, relação que não é, nem separação absoluta, nem ligação imediata, mas separação sempre renovada e sempre suprimida e finalmente conciliação, mas só através das mediações sucessivas, pelo trabalho, que é concebido no sentido mais vasto da cultura do homem, de ação de se fazer objeto; de através do objeto, reatingir a objetividade.” (O pensamento de K. Marx, II, 21.)


CONCLUSÃO:
E, assim, opera essa confusão semântica, digo, dialética enquanto não houver um choque – “choque de realidade” em que ‘tudo o que é sólido se desmancha no ar, segundo a profecia do próprio Marx (vide o que sucedeu com a então URSS e seus satélites ...)



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