domingo, 4 de janeiro de 2015

DILMA E O NAZISMO


 

 

Claudio Tognolli

NINGUÉM reparou no seguinte trecho do discurso de posse de Dilma:

“O nome de milhões de guerreiras anônimas que, voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande nação.

Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança”.

Note bem o termo empregado: alma coletiva. O ghost writer do discurso de Dilma deixou bem claro a quem o termo alma coletiva se endereça.

Quem entende o mínimo de história do Brasil, e o mínimo de filosofia, deve ter tido um repuxão, um vazio no fígado, um bolo duro na garganta, ao ter ouvido o termo. Porque “alma coletiva” é definição empregada pelo nacional-socialismo, pelos nazistas, pelos caudilhos. Pelo totalitarismo religioso, enfim.


Quem mais entendeu sobre alma coletiva no Brasil foi o embaixador José Osvaldo de Meira Penna, sobretudo em sua obra “Em Berço Esplêndido” (Editora Topbooks, 1999). Meira Penna mostra, como ninguém, que Getúlio Vargas, exatamente quando o Eixo assombrava o mundo na Segunda Guerra, vendia, a torto e a direito, a ideia de “alma coletiva”.

Meira Penna dissecou como ninguém os perigos da “alma coletiva” ser defendida no Brasil. E foi beber na origem de quem apontava os perigos na alma coletiva na política: Karl Jung.

Escrita em 1936, a obra Wotan, de Jung, deixa claro os perigos da alma coletiva em política: “A a psicose coletiva alemã surge a partir do louvor da imagem arquetípica de Wotan, deus nórdico pagão dos germânicos, das tempestades, da efervescência, da inspiração e da guerra”.

Segundo Jung, de Wotan corresponde a “uma qualidade, um caráter fundamental da alma alemã, um “fator” psíquico de natureza irracional, um ciclone que anula e varre para longe a zona calma onde reina a cultura”.

Tem muito líder religioso fundamentalista que adora também o termo alma coletiva. Mas o vende como “egrégora”.

Do grego egrêgorein, «velar, vigiar”, é a soma de energias coletivas.


O Brasil não precisa de conceitos de coletividades, de “raízes nacionais” (como defenderam a vida toda os hoje ministros da Cultura, Juca Ferreira, e da Ciência, Aldo Rebelo). Quem tem raiz é planta. Coletivo é ônibus, bonde, trem e metrô.

O Brasil não precisa de “coletivos”, de “matilhas culturais”, aliás nomes que você encontra em vários blogs, que defendem cegamente o PT, e vivem de grana pública.

O Brasil precisa de almas individuais, sem raízes, que defendem uma cultura universal, planetária, sem barreiras. Individualismo dá prêmio Nobel: não o contrário

Quem mais criticou o conceito de alma coletiva, aliás, foi o negro mais brilhante dos EUA: W.E.B. Du Bois, homem de Harvard , estudado na Alemanha. Referia que a “alma vital”, a que em alemão ele chamava de “seleleben”, ia pelo individualismo. (“O futuro será, muito provavelmente, o que as minorias raciais individualmente fizerem dele”, notou Du Bois em sua obra The Negro, 1915).

Dilma vai contra tudo isso, indica o discurso de posse.

E vou te dizer porque: porque, na brasilidade mais profunda, seja sob o PT do Mensalão barra Petrolão, seja sob o tucanato Alstom, alma coletiva quer dizer que todos bebem da mesma fonte.

Veja bem: Dilma nomeou um ministério pífio para fazer favores políticos. Que, além das benesses auferidas pelas indicações de titulares e apaniguados, são pagos pela distribuição de grana.

O Mensalão foi a pré-fixação dos pagamentos demandados pelos políticos coligados e de ocasião. O Mensalão tinha valores combinados, datas de pagamento, locais de saque. Era a corrupção tópica: local e hora de saque previamente combinados. Ainda que com uma logística complexa de repasses.

Petrolão foi a mesma coisa: as almas coletivas indo sacar o prometido. Mas, desta vez, direto no caixa da Petrobras, sem uma lógica de assalto medieval tecnicamente tão intricada como a do Mensalão.

Agora você entende o que é a “alma coletiva” ?

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